Contato
Regras do blog
Para se comunicar com a equipe do Blog Amianto Crisotila por favor envie e-mail utilizando nossa ferramenta de contato acima.
Nosso compromisso em levar informação de credibilidade sobre essa fibra natural vai além desse espaço físico.
Nosso compromisso em levar informação de credibilidade sobre essa fibra natural vai além desse espaço físico.
Receba nossa newsletter
Especialista aponta inconsistência nos dados do Ministério da Saúde
Milton do Nascimento, médico pela faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp), residência em medicina legal e do trabalho pela Faculdade de Medicina de Botucatu, no Serviço de medicina Industrial do Sesi e especialista em saúde pública pela Universidade de São Paulo, é atualmente gerente de saúde ocupacional do Grupo Eternit.
Na audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal no dia 31 de agosto, debatendo o uso seguro do amianto crisotila no Estado de São Paulo, Nascimento explicou que o amianto é uma fibra existente na natureza, no ar e na água e observou que estudos demonstram que todas as pessoas têm fibras de amianto alojadas no pulmão. "Todos nós temos fibras de amianto nos pulmões e de todos os tipos - até 100 mil fibras por grama de pulmão seco independente da ocupação", diz.
O médico apresentou também alguns resultados do relatório final EPA 2003 que não atribui potência carcinogênica para fibras bem pequenas; indica que o amianto anfibólio tem potência 500 vezes superior ao crisotila no desenvolvimento de doenças como o mesotelioma a coricidolita; assim como para que a fibra de crisotila (e seu acompanhante chamado tremolita) influenciarem na aparição de patologias como o mesotelioma e asbestose é necessário uma quantidade muito grande de filamentos inalados e por muito tempo. "É uma falácia dizer que todos os amiantos são iguais em cancerogenicidade", enfatizou.
Segundo Nascimento, o Brasil vem trabalhando desde a década de 1980 sob baixas doses de exposição dos trabalhadores ao amianto e, por isso, a epidemia de doenças decorrentes do amianto tão propagadas nunca se verificou. "Considerando que o mesotelioma demanda até 35 anos para se desenvolver e que o uso de amianto no Brasil começou na década de 1940, onde está essa legião de doentes?", indaga.
Para o especialista, os dados apresentados pelo Ministério da Saúde não têm consistência. Um exemplo é o relato de 2.414 casos de mesotelioma no Rio de Janeiro entre 1980 e 2003, baseados em CID na Declaração de Óbito, sem exame de prontuário. "Esses dados não conferem com os de outro estudo que considerou população praticamente igual (RJ entre 1979 a 2000), de autores hoje na USP e NIOSH, e que mostrou que dos 217 atestados de óbitos (DATASUS RJ), apenas 83 tinham possibilidade de ser mesotelioma", diz. Nascimento pontua, ainda, o relato da pasta da Saúde no qual se afirma que a ocorrência do mesotelioma é igual entre homens e mulheres. "Essa informação não encontra respaldo na literatura especializada e, dessa forma, os números apresentados pelo ministério durant e a audiência pública não retrata a realidade", afirma.
Aproveitou a ocasião, ainda, para explicar a ilegalidade da portaria 1851-2006, suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ir contra a Lei Federal 9055/1995 que em seu art.5º cita que as empresas que manipularem ou utilizarem materiais contendo amianto ou fibras naturais e artificiais enviarão, anualmente, ao SUS e aos sindicatos um listagem do seus empregados. A Portaria 1851 aborda só a indústria do amianto deixando de lado a indústria de fibras artificiais ou naturais.
O questionamento no STJ ocorreu por parte da cadeia produtiva do amianto crisotila, devido revogação da portaria 2572-2005 anterior a portaria 1851 onde contemplava todas as indústrias determinadas pelo art.5º da lei federal.
Milton Nascimento finalizou sua exposição indagando a Fundacentro sobre o Programa de Nacional de Eliminação de Silicose, doença relacionada à sílica, que também é considerada pelo IARC como carcinogênico. "A Fundacentro tem um programa para erradicar uma doença relacionada à sílica e um programa para o banimento do amianto do crisotila, por que este tratamento diferente?"
(Foto: Eternit)
Marcadores:
Amianto,
crisotila,
Eternit,
Milton do Nascimento,
saúde ocupacional
Índice
Postagens populares
-
Mário Terra Filho , docente, especialista em pneumologia pela Universidade de São Paulo (USP) e chefe do Grupo de Pneumologia Ocupac...
-
Rosemary Ishii Sanae Zamataro é química graduada pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduada em Higiene do Trabalho na Faculdade...
-
David Bernstein é PHD em Medicina e Toxicologia Ambiental pelo Instituto de Medicina Ambiental da Universidade de Nova York. Bernstein...
-
Adilson Conceição Santana , presidente da Federação Internacional dos trabalhadores do Amianto Crisotila na América Latina (FITAC), vice...
-
Benedetto Terracini , médico epidemiologista italiano, professor emérito e aposentado da Universidade de Turim, Itália, compareceu a a...